Arte contemporânea e o artesanato.
Vamos falar um pouco de arte e artesanato e
onde eles “se dividiram” no decorrer da história.
Nos primórdios Pré-história e Idade Média os
“artistas” eram simplesmente trabalhadores
como quaisquer outros chamados de artesãos contratados e pagos pela
igreja para informar a história para a maioria do povo que não sabiam ler e nem
escrever. Os escravos também que produziam arte dependendo da cultura da região.
Nesta época os artesãos não tinham nomes, não
assinavam seus trabalhos, não tinham prestígio nem reconhecimento embora
produzissem maravilhosas “obras de arte” em todas as vertentes.
No Renascimento a arte se tornou autônoma,
saiu das paredes das catedrais e castelos, passou ter um suporte e também ser
assinada pelos artistas, surge a tinta à óleo e a pintura em tela. O artista deixou
de ser funcionário da Igreja e com sua autonomia era contratado para pintar
conforme o que era solicitado. Embora ainda uma arte nos moldes da época, mas,
tinha certa expressão. Os estudos de observação de espaço e perspectiva se
consolidaram, a pintura passa ter planos, ponto de fuga, a proporção áurea volta
ser estudados e aplicados, conceitos da matemática, da alquimia, a obra passa
ter peso e medida.
Ao longo de
poucas centenas de anos, contados a partir dos primórdios da Renascença
até o final do século XVIII, a arte se tornou uma atividade
especial, posto que destinada somente à contemplação estética.
Em
contrapartida, todas as outras esferas da produção de objetos passaram a ser associadas ao mero atendimento das necessidades de nossas vidas concretas e de nossa
rotina diária
(artesanato).
O novo conceito de arte que
emerge no final do século XVIII só é possível a partir da ênfase nessa distinção funcional entre os utensílios dos quais nos servimos em nosso cotidiano
(objetos utilitários/corpo) e os objetos apenas contempláveis (obras de arte/alma).
A Renascença
marca o começo do fim do mundo teocrático medieval europeu, o Iluminismo
demolirá os seus últimos vestígios, pois lança os fundamentos da vida secular
burguesa nos níveis econômico, político, teórico-científico e
artístico-cultural. É impossível compreendermos o mundo moderno e a crise atual dos valores por ele legados sem
que nos remetamos ao Renascimento e ao Iluminismo.
Segundo Larry Shiner[i] o período onde a arte se separa do artesanato
está de 1750 a 1800, marca o
período no qual a arte se separa definitivamente do artesanato; o artista, do
artesão e o estético, dos outros modos de experiência.
A partir da separação entre a arte e o artesanato, tendências
deram lugar à volta da figuração.
Durante esse período o termo arte começou a significar um domínio espiritual autônomo, a vocação artística
foi santificada e o conceito do
estético começou a substituir o gosto.
No século XIX o artista deixa de atender a
encomendas e passa a criar, se expressar como lhe convir, muitos movimentos
artísticos surgem se entrelaçam, se contestam.
Após muitos desdobramentos ocorridos, nas
décadas de 1950 e 1960 a arte tomou rumos onde o conceito é mais importante do
que a própria arte, a arte contemporânea veio e os estilos artísticos passaram a ser apropriados
pelos artistas onde cada um promove sua intervenção.
A arte contemporânea veio também com a proposta que
tudo faz parte de tudo e a ideia de divisão incoerente, pois a arte está cada
vez mais próxima da vida cotidiana, um bule tem design pode ser peça de
decoração e fazer parte de uma composição artística contemporânea.
Os museus e galerias abriram suas portas e a arte
interage com o expectador, nas bienais vemos de tudo, desde a expressão mais
profunda da arte, projetos com conceitos, técnicas artesanais envolvidas com a arte e outras tantas banalidades sem conteúdo. Novos
artistas surgindo a todo instante, mas diante de tudo isso, a clareza na
interpretação do conceitual contemporâneo é vital para que a arte continue
evoluindo e porque não com uma abertura antes nunca visto ou imaginado.
Angela Motta Tocacelli
Fonte para auxílio de texto:
O Espaço da Arte contemporânea: Fernando Cocchiarale (Prof. Da PUC e Curador do MAM- RJ)
[i]
Larry
Shiner.La invención del arte, una historia cultural. Barcelona-Buenos
Aires-México:
Ediciones Paidós Ibérica, S.A., 2004, p.129.
Podemos chamar de Arte??
Máscaras em papel, é arte??
Op, art no computador....
É arte??
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Aquarela....
Lápis Aquarelável...
Nanquim...
Lápis 6B....
Guache....
ilustração....é arte??
Fonte de desenhos e ilustração:
Angela Motta Tocacelli.